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Sessão Solene

a passar por uma outra língua, mais frequentemente

pelo inglês, a fim de compreender e de nos fazer

compreender, o que empobrece enormemente a

capacidade de discussão e de intercâmbios.Ademais, sob

o ponto de vista económico e comercial, as vantagens

penderão sempre em favor daqueles cuja língua

utilizamos, em detrimento da nossa própria.

Nessa perspetiva, gostaria de trazer ao vosso

conhecimento uma iniciativa nascida no fim dos anos

1990 e que conduziu à criação, em 2003, de uma

organização internacional não governamental e sem fins

lucrativos, a Conferência Lusofrancófona da Saúde –

COLUFRAS, cuja sede social se encontra emMontréal,

noCanadá-Québec.Concebidadez anos antes,pormime

pelo senhor NormandAsselin, un diplomata canadense,

tem atualmente como presidente um ex-ministro

da Saúde do Québec e ex-Reitor de universidade, o

Professor Doutor Rémy Trudel, da Escola Nacional

de Administração Pública do Québec. A missão da

COLUFRAS é a de favorecer o desenvolvimento de

intercâmbios e de cooperação entre os países de língua

francesa e de língua portuguesa. Seu objetivo é o do

aperfeiçoamento dos sistemas de saúde, da qualidade de

seus serviços e do acesso a eles por parte da população,

sobretudo das camadas mais desfavorecidas, dentre as

quais se encontram as mulheres, idosos e crianças, para

além de promover a saúde da população em geral.

Desde a sua criação, a COLUFRAS organizou ou

participou da organização de inúmeros seminários

internacionais no Brasil, no Canadá, em Cabo Verde

e em Portugal, sobre temas de interesse comum, de

modo a favorecer a diversidade cultural, e de tal modo

que os lusófonos e francófonos pudessem exprimir-

se diretamente em suas próprias línguas, sem terem

que recorrer a uma língua estrangeira. Essa escolha

linguística evidenciou suas próprias capacidades, o

prestígio de suas instituições, seus trabalhos de pesquisa,

suas reflexões e experiências na área da saúde.

Além disso, procuramos promover, através dos

intercâmbios, o desenvolvimento de novas parcerias,

fazendo de tal modo que toda a francofonia e a lusofonia

sejam beneficiadas e participem das iniciativas adotadas.

É isso que faz com que a COLUFRAS tenha adotado

o francês e o português como únicas línguas oficiais.

Ressalte-se, entretanto, que todo grupo ou indivíduo

podem participar da rede, das atividades, intercâmbios

e projetos da COLUFRAS, na medida em que possam

exprimir-se numa das duas línguas.

Em matéria de resultados concretos, podemos

mencionar, dentre outros, a criação de uma empresa

encarregada de realizar, conjuntamente, as compras

para um grande número de hospitais brasileiros, em

parceria com uma empresa francesa coordenada pelo

Sr Lionel Nivault, no início dos anos 2000. Houve,

também, a idealização, construção e funcionamento

de um grande instituto de reabilitação e readaptação,

muito moderno, no estado de Goiás, situado na

região central do Brasil. Tal realização foi o resultado

de uma colaboração do Governo de Goiás e o então

chamado Instituto de Readaptação de Montréal.

Outras realizações situam-se em vários acordos de

cooperação e de intercâmbio entre um sem-número

de instituições não-governamentais do Brasil, de

Portugal, do Canadá e de alguns países do continente

africano. Em muitos casos, pesquisadores, professores

universitários, administradores e outros profissionais

da França, Bélgica, Suíça e Portugal participaram desses

encontros, na qualidade de conferencistas.

Por fim, é importante ressaltar que o destaque

conferido pela COLUFRAS à área da saúde comporta

uma característica singular, que é o facto de se levar

em conta a dimensão cultural da saúde. Outro objetivo

estratégico da entidade, como não é difícil deduzir, é

sua preocupação com respeito à promoção de suas duas

línguas oficiais, tanto nos intercâmbios académicos

e científicos, quanto nas outras esferas de trabalho.

Aliás, gostaria de esclarecer que a COLUFRAS

não se limita tão-somente ao setor académico, mas

encontra-se aberta a outros campos de atividade que

visem a melhoria das condições de vida e de saúde

das populações, numa busca corajosa e humanista.

A perspetiva é, portanto, a da globalização, mas não

somente dos mercados comerciais, senão a da partilha

do saber e da experiência, em proveito da humanidade.

Desta forma, senhoras e senhores, esta breve

comunicação tinha por finalidade fazer-vos conhecer

uma iniciativa única, que entende prestar a sua

contribuição para o reforço da união entre os universos

da lusofonia e da francofonia, demodo que a combinação

dessas duas grandes forças possa aportar ao mundo o

testemunho de uma nova forma de cooperação e de

globalização. É, pois, com alegria e entusiamo que eu

saúdo a criação do Instituto do Mundo Lusófono, com

o qual esperamos todos poder colaborar.

Muito obrigado por vossa atenção!

* Discurso proferido na sessão de abertura do encontro

da francofonia e da lusofonia que teve lugar em Paris,

de 6 a 9 de dezembro de 2017, encontro durante o

qual foi apresentado oficialmente o Instituto do Mundo

Lusófono, criado no final de 2015.