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A n a i s d o I HM T
O encontro da francofonia e da lusofonia – 2017 Paris
O francês e o português: línguas de inovação científica,
numa perspetiva de internacionalização da pesquisa*
Les assises de la francophonie et de la lusophonie – 2017 Paris
Le français, le portugais: langues de l’innovation scientifique dans une perspective d’internationalisation
de la recherche*
Fernando P. Cupertino de Barros
MD, PhD (Brasil)
fernandocupertino@gmail.comSessão Solene
Senhoras e senhores,
Permitam-me,primeiramente,exprimirmeusmelhores
agradecimentos aos organizadores deste evento pelo
honroso convite em dele participar, na qualidade de
conferencista. O tema que abordarei é de uma grande
importância e inscreve-se numa dimensão ainda mais
ampla, uma vez que compreende os universos lusófono
e francófono.
O uso das línguas francesa e portuguesa como vetor de
inovação científica, na perspetiva da internacionalização
da pesquisa, encontra sua razão de ser na medida em
que somos igualmente capazes de comunicar ideias,
reflexões e propostas que interessem ao conjunto do
planeta, sobretudo quando são orientadas em direção
à melhoria das condições de vida e de bem-estar das
pessoas. Ademais, esse feliz encontro de duas línguas
neolatinas cria uma sinergia favorável à aproximação de
valores comuns à francofonia e à lusofonia, sua maneira
de ver o mundo e os desafios da vida moderna.
A possibilidade de trabalho conjunto, num ambiente de
pluralidadelinguísticaeculturalenriqueceahumanidade,
em lugar de nos limitar a uma visão reducionista,
frequentemente circunscrita ao modelo anglo-saxão.
Nossa forma de pensar, de agir e de encontrar soluções
para os problemas não é obrigatoriamente uniforme.
Em suma, uma multiplicidade de opções e de soluções
está disponível, graças à partilha lusofrancófona.
Nas Américas, de onde venho, os organizadores de
encontros científicos internacionais escolhem, na
maioria das vezes, o inglês e o espanhol como línguas
oficiais desses eventos. Assim, seus protagonistas serão
escolhidos em função do domínio e da fluência que têm
nessas duas línguas, mas não forçosamente pelo seu
conhecimento aprofundado sobre os temas debatidos.
Tal observação leva-me
a concluir que, pelo menos nas Américas, mas
possivelmente também alhures, o francês e o português
são tratadas como línguas marginais, sobretudo na
esfera dos conhecimentos científicos.
Evidentemente, nada se pode dizer contra a utilização
de outras línguas, porém é preciso falar, publicar e
comunicar nos nossos próprios idiomas. É necessário
criar condições para que cada um possa exprimir-se em
sua língua materna, ou naquela em que se sinta mais à
vontade.Caso contrário, seremos cada vez mais forçados
An Inst Hig MedTrop 2017; 16: 103-104