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“Instituto de Patologia Experimental”, adormecido há

longo tempo no Congresso, foi rapidamente aprovado e

sancionado pelo presidente Affonso Penna, como Decreto

n°1812, em 12 de dezembro de 1907. Com a aprovação

do respetivo regimento pelo Governo, a denominação

“Instituto Oswaldo Cruz” foi oficialmente adotada em 19

de março de 1908. Para melhor assegurar a difusão do

conhecimento gerado em seus laboratórios, o IOC pôs

em circulação, a partir de 1909, as “Memórias do Institu-

to Oswaldo Cruz”. O Instituto beneficia-se, então, já de

grande prestígio e reconhecimento internacionais.

Cabe relatar, sem nenhum bairrismo que, também do Insti-

tuto deveria ter saído o prêmio Nobel de Medicina e Fisiolo-

gia em 1921. Carlos Chagas foi indicado pela Academia sue-

ca, mas por oposição do governo brasileiro, esta indicação

não se transformou em realidade, e naquele ano, a Academia

não concedeu o Prêmio a nenhum cientista. Tal fato é uma

lamentável demonstração de como um governo pode inter-

vir na atividade acadêmica e feri-la. Ela faz parte, entretanto,

da história das ciências e da medicina Brasileiras e é narrada

ainda hoje pelos cientistas do IOC e médicos da Academia

Nacional de Medicina onde se passaram os mais acalorados

debates entre os defensores e os críticos do trabalho de Car-

los Chagas. Embora longínqua, a história permanece deplo-

rável e, parodiando Saramago

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, é lamentavelmente “uma

contribuição brasileira à história da estupidez humana”.

Outro ferimento importante ocorreu no período sombrio

conhecido como o “massacre de Manguinhos”, quando em

plena ditadura militar, muitos pesquisadores foram demiti-

dos de seus postos, simplesmente por não comungarem do

mesmo credo político dos governantes de então.

Um Instituto Oswaldo Cruz

da modernidade para a pesquisa

e o ensino e para a população brasileira

Nos anos 1970, várias instituições já existentes no Ministério

da Saúde, não apenas no Rio de Janeiro, mas em outros esta-

dos da Federação, tais como Minas Gerais (Belo Horizonte),

Bahia (Salvador) e Pernambuco (Recife), são incorporadas

ao Instituto Oswaldo Cruz, formando-se o que se denomi-

nou temporariamente de Fundação Instituto Oswaldo Cruz

(Fiocruz), e posteriormente Fundação Oswaldo Cruz (que

no entanto manteve a mesma sigla), hoje formada por 15

Unidades técnico-científicas, além de escritórios em vários

estados, e mesmo fora do Brasil, como Moçambique, na

África.

Nos últimos 30 anos, o Instituto Oswaldo Cruz ganhou

complexidade em termos de organização e diversidade de

temas aos quais se dedicam os seus Laboratórios de Pesquisa

(LP). Estes são credenciados, desde 1991, a cada quatro a

seis anos, por um Comitê de avaliação de alto nível, desig-

nado pelo Conselho Deliberativo do IOC e composto uni-

camente por Membros externos à Fundação Oswaldo Cruz.

Além de conduzir atividades de pesquisa e ensino, os LP

desempenham funções de prestação de serviços diagnóstico

e de atendimento ambulatorial em Centros de Referência

acreditados pelo Ministério da Saúde ou por Agências Inter-

nacionais. Alguns LP também abrigam Coleções biológicas

referenciais.Além de corresponderem a centros prestadores

de serviço para a sociedade, os 21 Centros de Referência e

as 18 Coleções Biológicas,

Serviços de Referência em Saúde,

são

simultaneamente fontes de rico material para o desenvolvi-

mento de projetos de pesquisa.

Hoje, mais de 280 pesquisadores trabalham nos 71 LP onde

mais de 700 alunos de pós-graduação, distribuídos em seis

programas

stricto sensu

do Instituto (Biodiversidade e Saúde,

Biologia Celular e Molecular, Biologia Computacional e Sis-

temas, Biologia Parasitária, Ensino em Biociências e Saúde,

e Medicina Tropical) também desenvolvem dissertações de

mestrado e teses de doutorado. O IOC também dispõe de

um curso técnico em Biotecnologia, criado por José Ro-

drigues Coura em 1980 junto com os Cursos de Mestrado

em Biologia Parasitária e Medicina Tropical, voltado para a

formação de profissionais técnicos capazes de atuar nas pes-

quisas desenvolvidos no IOC, com foco na parasitologia e

áreas afins, executando atividades laboratoriais e de campo

e no controle da qualidade relacionado à Biotecnologia, au-

xiliando na implantação de novas tecnologias, na produção

de imunobiológicos e de kits para diagnóstico e zelando pelo

bom funcionamento do aparato tecnológico nas unidades de

pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

A efervescência científica no Instituto pode ser facilmente

ilustrada pela marca de mais de 1500 dissertações de mes-

trado e mais de 800 teses de doutorado concluídas. Apenas

em 2014 foram publicados cerca de 570 artigos científicos;

a grande maioria envolvendo alunos ou ex-alunos dos res-

pectivos programas de pós-graduação, além de cerca de 15

livros organizados.

Do ponto de vista temático, a área de doenças infecto-para-

sitárias é tema da maior parte do conhecimento científico

gerado no Instituto. O IOC tem também linhas de pesquisa

consolidadas em doenças crônico degenerativas de origem

não-infecciosa, o que indica que o Instituto acompanha as

mudanças de perfil epidemiológico do Brasil.

As “Memórias” continuam a ser publicadas há 105 anos,

representando um dos pilares da editoração científica na

América do Sul. Elas têm mantido forte presença e destaque

entre revistas científicas especializadas em Parasitologia e

Medicina Tropical em todo o mundo, por mais de 100 anos.

Indexada nas diversas bases de dados internacionais, entre

elas o Journal Citation Report - ISIWeb of Knowledge, SCI-

mago, Scopus, Bioline International, a revista está entre os

dez periódicos internacionais com maior Fator de Impacto

em Medicina Tropical, ocupando a 7ª posição, e entre os 20

em Parasitologia. Trata-se da revista de maior Fator de Im-

pacto destas áreas – incluindo Microbiologia – dentre os 102

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