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Em termos de ilustração dos artigos estudados,
constata-se que 45% dos textos não têm qualquer
tipo de ilustração. A infografia, ou seja, gráficos e
tabelas, representa 35% da amostra, a fotografia
11%, os mapas 5% e, finalmente, o desenho, 4%.
Observa-se, assim, que do ponto de vista da
ilustração, os textos não são muito ricos.
A característica “cor” encontra-se intimamente
relacionada com a ilustração. A cor predominante
é o preto e branco.
Neste estudo, deparámo-nos com algumas
dificuldades com a aplicação da grelha, que
residiram na inadequada aplicação do quadro
conceptual. Primeiramente, esta grelha de recolha
de dados destina-se, principalmente, ao tratamento
de monografias, e não de artigos. Uma segunda
razão para a dificuldade da aplicação da grelha
previamente estabelecida reside no facto dos
conceitos nela expressos ainda estarem em
construção. Lançamos o repto para a necessidade
da revisão conceptual no contexto da história da
Medicina Tropical. Decorrente destas dificuldades,
tivemos que proceder a algumas “adaptações” da
grelha, a fim de viabilizar a sua aplicabilidade aos
artigos estudados. Deste modo, devem considerar-
se como limitados os resultados obtidos, sem uma
contextualização deste evento na história da
Medicina.
O desenvolvimento da Medicina Tropical
encontra-se intimamente associado aos interesses
inerentes às terras do ultramar. Após a
independência do Brasil e com a revolução de
setembro de 1838, pensou constituir-se um império
africano impulsionado por Sá da Bandeira,
Ministro da Marinha e Ultramar (Abranches,
2004). A emergência da Medicina Tropical ocorreu
no contexto da Marinha, como é referido por Pedro
Abranches: “A primeira medida efetivamente
tomada, de iniciativa governamental, de ensino da
Medicina Tropical, foi implementada em 1887.
Essa função foi atribuída à Escola Naval, solução
que se apresentou aos governantes da época como
a mais racional, uma vez que os problemas da
Marinha e Ultramar eram tutelados pelo mesmo
ministério”
2
Efetivamente, quem assegurava as
possessões ultramarinas eram os marinheiros e a
Armada. Os marinheiros foram os primeiros
afetados por doenças tropicais, assim como os
indígenas. Só mais tarde, com a exploração
territorial, passa também a ser afetado o exército,
garante da soberania, e também os colonos que aí
2
Op. cit, p. 21.
se fixaram, emergindo, assim, um serviço de Saúde
Pública.
Observe-se que, no decurso do tempo, a
Medicina Tropical vai-se autonomizando e
amadurecendo enquanto ramo da Medicina,
obviamente, em razão da sua pertinência no tempo
colonial. Contudo, a sua importância não se cinge
a esta época, havendo continuidade no período pós-
colonial. Com a descolonização, a Medicina
Tropical em Portugal perderia a sua importância e
ficaria sem o seu objeto de estudo. Sendo assim, o
que parecia válido à primeira vista não o foi. Por
via do processo de globalização alargada,
caracterizador das nossas sociedades atuais, o
estudo das doenças tropicais é uma realidade, quer
por via do processo de migração, quer por via do
tráfego turístico, os quais adquiriram novos
contornos devido à facilidade de comunicação e
transporte.
O estudo da Medicina Tropical nas sociedades
contemporâneas readquire importância na medida
em que as novas nações emergentes dos processos
de
descolonização
adquirem
uma
consciencialização de que a sua Medicina
Tradicional revela-se incapaz de dar resposta às
doenças tropicais. Neste contexto, as antigas
potências coloniais, configuradas em determinadas
instituições, têm o papel de produtor de saber e
prosseguem, paralelamente, com os países
emergentes, numa construção gnosiológica
comum. Em Portugal, é o Instituto de Higiene e
Medicina Tropical percursor desse estudo, sendo
um ator privilegiado no diálogo entre os saberes
tradicionais e a ciência.
No que concerne aos assuntos abordados nesta
pesquisa, conclui-se que estão intimamente
associados, quer com a história do instituto, quer
com a história da Medicina Tropical.
PERSPETIVAS DE FUTURO
A partir do desenvolvimento deste projeto e da
análise dos dados obtidos, perspetivamos ser
possível enunciar alguns dos resultados
decorrentes deste tipo de diagnóstico.
Assim, esses resultados são os seguintes:
a)
Resultantes do diagnóstico da biblioteca
A caracterização e o diagnóstico da Biblioteca
do IHMT poderão resultar numa outra organização
do espaço, através da exposição destacada das