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Porém, apesar das suas reconhecidas possibilidades, a adoção da maqueta

não foi homogénea. O relevo que lhe era concedido seria desde sempre equacio-

nado em função da importância atribuída ao desenho, há muito instituído como

o instrumento privilegiado do trabalho do arquiteto. A adopção da maqueta de-

penderá ainda quer das idiossincrasias de cada autor, quer da complexidade do

projeto em causa.

A par da importância para a prática projetual, a maqueta interessou também,

desde cedo, a colecionadores, pedagogos, curadores, estrategas militares e po-

líticos, entre outros, confirmando a clareza comunicativa que, afinal, justificara

a sua generalização como meio de representação da arquitetura. Todas estas

valências são ainda hoje reconhecidas, mesmo com o imenso avanço de outras

tecnologias de representação. De algum modo, e para fascínio dos seus obser-

vadores, a maqueta continua a conseguir concretizar aquilo que outras represen-

tações apenas parcialmente permitem sugerir.

A reflexão contemporânea sobre a maqueta tem extravasado o âmbito mais

restrito da prática projetual, procurando avaliar outras implicações da sua ado-

ção. Está em causa não apenas a obra que a maqueta revela, mas também o

modo como o faz, não apenas uma representação em miniatura e, a priori, da

obra que se irá construir, mas também a divulgação e a propaganda daquilo que

já foi edificado.

A COLEÇÃO DO IHMT

O Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) possui um conjunto de dez

maquetas representando estruturas de serviços de saúde edificadas nos antigos

territórios portugueses de África: duas de Angola, sete de Moçambique e uma de

São Tomé e Príncipe.

As maquetas de construções moçambicanas ainda existentes no IHMT foram

executadas em Moçambique, entre 1951 e 1952, sendo então enviadas para

Lisboa a fim de serem apresentadas, em conjunto com outras agora desapa-

recidas, na

Exposição Documental das Actividades Sanitárias do Ultramar

, que

teve lugar em Lisboa, no Palácio Nacional da Junqueira (Palácio Burnay), em

abril de 1952, no âmbito do I Congresso Nacional de Medicina Tropical. A atestar

estes elementos existem as referências quer na base da maqueta da Maternida-

de de Marraquene, que nos revela os seus autores e datas de elaboração, quer

na correspondência do Congresso e no catálogo da exposição, quer ainda em