3
A MAQUETA
Desde há muito que a maqueta é tida como um importante meio de repre-
sentação de arquitetura. A sua constituição tridimensional, que a torna próxima
do edifício que representa, confere-lhe uma reconhecida clareza comunicativa,
relevante, em particular, para o público menos familiarizado com as exigências de
representações de âmbito mais técnico. Mesmo hoje, quando a representação
virtual proporciona simulações muito próximas da realidade, a maqueta continua
a ser adotada, confirmando o poder da sua condição de
quasi
-arquitetura.
As maquetas são conhecidas, pelo menos, desde o Antigo Egito. Contudo,
foi a partir do início do Renascimento Italiano, no contexto das transformações
culturais então operadas, que a adoção da maqueta mais se generalizou. As solu-
ções arquitetónicas formuladas requeriam simulações, simultaneamente formais
e construtivas, que só a maqueta conseguia assegurar. A maqueta, ou modelo,
seria ainda necessária para garantir uma comunicação mais eficaz com quem
encomendara a obra.
As reflexões iniciais sobre este renovado alcance da maqueta foram propostas
por Leon Battista Alberti (1404-1472), no texto De Re Aedificatoria, concluído
em 1452. Muitas das considerações aí apresentadas são ainda válidas. A partir
de então, a maqueta foi tomando formulações diversificadas, variando desde as
elaborações mais sintéticas até às reproduções rigorosamente acabadas, como
pequenas construções de parte ou da totalidade da obra, cujo interior, nalguns
casos, podia até ser percorrido. Esta diversidade marcou também os materiais
em que foram executadas: madeira, cartão, gesso, etc.