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S115

A n a i s d o I HM T

preparação de dois alíquotas de 1 mL, uma para armazena-

mento a -80°C, e outra para extração imediata de DNA.O

DNA extraído será enviado a Lisboa para análise molecular

usando métodos de Next-Generation Sequencing (sequen-

ciação completa da região hipervariávelV3-V4 do gene da

subunidade 16S dos ribossomos).

Resultados esperáveis e discussão

Este projeto que nasce como colaboração entre o IHMT, o

CISA e a Fundação Calouste Gulbenkian, tem sido subme-

tido à dois financiadores, nomeadamente à Fundação para

a Ciência e Tecnologia (FCT-Portugal 2020) e à chamada

conjunta da FCT-FundaçãoAga Khan. Esta última chamada

é particularmente interessante porque visa fortalecer rela-

ções institucionais existentes entre instituições portuguesas

(neste caso o IHMT) e instituições dos PALOP (neste caso

o CISA), o que ilustra claramente um dos objetivos princi-

pais deste tipo de investigação: a colaboração internacional

entre países que partilham um mesmo objetivo que não é

outro que melhorar as condições de saúde das populações

mais desfavorecidas conseguindo ao mesmo tempo uma

transferência de conhecimentos e capacidades em duas

direções. Neste projeto estão previstas uma série de for-

mações específicas como a capacitação do pessoal de labo-

ratório do CISA na extração de DNA de amostras biológi-

cas, mas também ensino formal baseado no projeto como

mestrados no IHMT de pessoal investigador angolano, ao

mesmo tempo que mestrados de alunos portugueses com

estadias formativas no terreno.

Desde o ponto de vista estritamente científico, o projeto

espera identificar o microbiota respiratório saudável, ou

seja, o conjunto de bactérias no trato respiratório superior

susceptíveis de proteger as crianças de infeções respirató-

rias graves como a pneumonia. Além de abrir um campo

com grande potencial (a bacterioterapia como adjuvante de

outras medidas de Saúde Pública contra as doenças trans-

missíveis), os resultados deste projeto irão contribuir à luta

contra a iniquidade em saúde não só desde a base (desen-

volvimento duma nova ferramenta preventiva contra uma

doença com alta mortalidade infantil), mas também desde

um ponto de vista sustentável ao favorecer a formação de

futuros investigadores angolanos e o fortalecimento das es-

truturas de investigação.O exemplomais claro para ilustrar

este fortalecimento é a criação da coorte de recém-nasci-

dos, uma plataforma de investigação com imenso potencial

para estudar os determinantes dos estados de doença e saú-

de, não só das crianças mas também dos adultos, baseado

nas evidências cada vez mais numerosas sobre os efeitos

das exposições nos primeiros anos de vida sobre as futuras

doenças na idade adulta. É certo que o projeto atualmen-

te unicamente seria financiado para os primeiros dois anos

de vida, mas com interesse institucional e apoio científico e

técnico, uma plataforma destas características possui todas

as garantias para atrair fundos competitivos no futuro pró-

ximo, contribuindo ao mesmo tempo ao aumento da auto-

nomia científica e liderança dos investigadores angolanos.

Conclusões

No atual mundo globalizado as iniquidades em saúde de-

veriam ser vistas como um lembrete constante do nosso

fracasso como

espécie.As

ocasiões para criar colaborações

com benefícios diretos para todos os atores envolvidos

(situações “win-win”) não são raras e devemos estar aler-

tas para aproveitar estas oportunidades.

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Conflitos de interesse

Os autores declaram não ter nenhum conflito de inte-

resse.