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A n a i s d o I HM T
http://www.conass.org.br/biblioteca/compreendendo-o-sistema-de-saude-para- -uma-melhor
-gestao/ligação com a gestão e a tomada de decisões, discute-se
a gestão fundada nos dados probatórios da análise dos
efeitos das intervenções nos diferentes tipos de eficácia
e interesse dos atores. Pode-se, assim, reformular as
prioridades discutidas no capítulo 1 com base nesses
dados em relação aos diferentes tipos de avaliação de
eficácia. Por exemplo, na prevenção primária contra
o cancro do pulmão recebe uma alta prioridade, mais
baixa é a prioridade contra o cancro da mama, pois os
conhecimentos ou evidências sobre os fatores etiológi-
cos nestes casos de cancro são muito diferentes. Para o
cancro da mama, é a prevenção secundária que é priori-
tária, de forma contrária ao cancro do pulmão.
No último capítulo, os diferentes componentes do
sistema de saúde situam-se num contexto mais amplo
onde é influenciado por diferentes valores: responsabi-
lidade pessoal, consciência social, liberdade e igualdade
(fig. 9). O sistema de saúde de posição igualitarista foi
associado a uma forma de coletivismo que é expresso
desde o século XIX com o estabelecimento do sistema
bismarckiano
e, mais tarde, do sistema
beveridgiano
.A di-
ferença entre as duas é que o sistema
bismarckiano
(ado-
tado na Alemanha e França) é baseado nos mecanismos
das garantias sociais (posição liberalista). Em contra-
partida, no sistema
beveridgiano
, como do Reino Unido,
prestações uniformes são destinadas a toda a popula-
ção, a partir das rendas fiscais do Estado (posição igua-
litarista). Nos dois casos, a responsabilidade pelos indi-
víduos inspira-se num princípio de solidariedade mas a
posição liberalista é oposta à liberação igualitarista.
ElaValores
Posição liberalista
(Importância do sucesso pessoal e da
liberdade individual face aos poderes de
coerção políticos)
Posição igualitarista
(Importância da igualdade de
chances)
1. Responsabilidade
pessoal
Toda recompensa deve ser merecida (como
os cuidados à saúde)
Determinados bens (como os
serviços de saúde e a educação) são
direitos, mais que privilégios
2. Consciência social
A caridade e a filantropia são meios de
auxiliar aqueles que não obtém sucesso
O Estado deve implantar
mecanismos para evitar o uso da
caridade, que é degradante e
imprevisível para o indivíduo
3. Liberdade
A intervenção do Estado dificulta as
liberdades individuais
O Estado deve garantir que as
liberdades individuais possam ser
expressadas, ou seja, que os
indivíduos possam fazer escolhas
4. Igualdade
Reconhecimento da igualdade perante a lei
É preciso, primeiramente, que as
oportunidades sejam iguais para
que os indivíduos possam se realizar
IGUALDADE OU EQUIDADE?
INFLUÊNCIAS CONTEXTUAIS
Fig. 9:
Igualdade ou equidade? influências contextuais
inspirou o estabe-
lecimento de sis-
temas de saúde
nos quais o finan-
ciamento priva-
do é importante,
proveniente dos
indivíduos, seja
direta ou indire-
tamente através
dos seguros pri-
vados. Mas como
nos adverte Pi-
neault, estas duas
posições opostas
representam ti-
pos ideais, mas,
na verdade, não
existem tipos pu-
ros. Os sistemas
soc i opo l í t i cos ,
dos quais o sis-
tema de saúde faz parte, são muito complexos para
reduzi-los a apenas um ou outro destes rótulos. Seus
múltiplos agentes, os profissionais que prestam os ser-
viços, os gestores que coordenam a sua produção e os
indivíduos que a eles recorrem, interagem no inte-
rior de processos complexos de prestação de serviços.
Ademais, os ambientes organizacionais e institucionais
exercem a sua influência sobre a utilização e a produ-
ção dos serviços. Pode dizer-se que gerir um sistema de
saúde e seus componentes equivale a gerir a comple-
xidade como reconhece o autor. Portanto, uma ótima
leitura aos que aceitarem este convite para partilhar as
suas lições (fig. 10).
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