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S81

A n a i s d o I HM T

http://www.conass.org.br/biblioteca/compreendendo-o-sistema-de-saude-para- -uma-melho

r

-gestao/

ligação com a gestão e a tomada de decisões, discute-se

a gestão fundada nos dados probatórios da análise dos

efeitos das intervenções nos diferentes tipos de eficácia

e interesse dos atores. Pode-se, assim, reformular as

prioridades discutidas no capítulo 1 com base nesses

dados em relação aos diferentes tipos de avaliação de

eficácia. Por exemplo, na prevenção primária contra

o cancro do pulmão recebe uma alta prioridade, mais

baixa é a prioridade contra o cancro da mama, pois os

conhecimentos ou evidências sobre os fatores etiológi-

cos nestes casos de cancro são muito diferentes. Para o

cancro da mama, é a prevenção secundária que é priori-

tária, de forma contrária ao cancro do pulmão.

No último capítulo, os diferentes componentes do

sistema de saúde situam-se num contexto mais amplo

onde é influenciado por diferentes valores: responsabi-

lidade pessoal, consciência social, liberdade e igualdade

(fig. 9). O sistema de saúde de posição igualitarista foi

associado a uma forma de coletivismo que é expresso

desde o século XIX com o estabelecimento do sistema

bismarckiano

e, mais tarde, do sistema

beveridgiano

.A di-

ferença entre as duas é que o sistema

bismarckiano

(ado-

tado na Alemanha e França) é baseado nos mecanismos

das garantias sociais (posição liberalista). Em contra-

partida, no sistema

beveridgiano

, como do Reino Unido,

prestações uniformes são destinadas a toda a popula-

ção, a partir das rendas fiscais do Estado (posição igua-

litarista). Nos dois casos, a responsabilidade pelos indi-

víduos inspira-se num princípio de solidariedade mas a

posição liberalista é oposta à liberação igualitarista.

Ela

Valores

Posição liberalista

(Importância do sucesso pessoal e da

liberdade individual face aos poderes de

coerção políticos)

Posição igualitarista

(Importância da igualdade de

chances)

1. Responsabilidade

pessoal

Toda recompensa deve ser merecida (como

os cuidados à saúde)

Determinados bens (como os

serviços de saúde e a educação) são

direitos, mais que privilégios

2. Consciência social

A caridade e a filantropia são meios de

auxiliar aqueles que não obtém sucesso

O Estado deve implantar

mecanismos para evitar o uso da

caridade, que é degradante e

imprevisível para o indivíduo

3. Liberdade

A intervenção do Estado dificulta as

liberdades individuais

O Estado deve garantir que as

liberdades individuais possam ser

expressadas, ou seja, que os

indivíduos possam fazer escolhas

4. Igualdade

Reconhecimento da igualdade perante a lei

É preciso, primeiramente, que as

oportunidades sejam iguais para

que os indivíduos possam se realizar

IGUALDADE OU EQUIDADE?

INFLUÊNCIAS CONTEXTUAIS

Fig. 9:

Igualdade ou equidade? influências contextuais

inspirou o estabe-

lecimento de sis-

temas de saúde

nos quais o finan-

ciamento priva-

do é importante,

proveniente dos

indivíduos, seja

direta ou indire-

tamente através

dos seguros pri-

vados. Mas como

nos adverte Pi-

neault, estas duas

posições opostas

representam ti-

pos ideais, mas,

na verdade, não

existem tipos pu-

ros. Os sistemas

soc i opo l í t i cos ,

dos quais o sis-

tema de saúde faz parte, são muito complexos para

reduzi-los a apenas um ou outro destes rótulos. Seus

múltiplos agentes, os profissionais que prestam os ser-

viços, os gestores que coordenam a sua produção e os

indivíduos que a eles recorrem, interagem no inte-

rior de processos complexos de prestação de serviços.

Ademais, os ambientes organizacionais e institucionais

exercem a sua influência sobre a utilização e a produ-

ção dos serviços. Pode dizer-se que gerir um sistema de

saúde e seus componentes equivale a gerir a comple-

xidade como reconhece o autor. Portanto, uma ótima

leitura aos que aceitarem este convite para partilhar as

suas lições (fig. 10).

http://www.c nass.org.br/biblioteca/compreendendo-o-

sistema-de-saude-para-uma-melhor-gestao/