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tre a situação desejada e a situação
atual. O estado de saúde desejado
é inserido, geralmente, no interior
de uma política de saúde e resul-
ta de um consenso político que se
apoia nas comparações com outras
unidades geográficas de referência.
De acordo com esta lógica, os in-
dicadores das necessidades podem
referir-se à saúde (mortalidade,
à morbidez, fatores de risco ou à
incapacidade), aos serviços ou aos
recursos humanos físicos e finan-
ceiros, todos devidamente apre-
sentados com exemplos claros para
sua estimação.
A identificação das necessidades
em um contexto de escassez de
recursos obriga a tomada de de-
cisões e, portanto, ao estabelecimento de prioridades
(fig.4).
Pouco importa o nível visado para as decisões, as per-
guntas convenientes a serem feitas em relação à priori-
zação são as seguintes:
• O problema é importante (necessidade de saúde)?
• As causas ou os determinantes do problema são co-
nhecidos ou, pelo menos, as condições a ele associa-
das?
• Há meios de intervenção sobre estas causas ou de-
terminantes de maneira eficaz (necessidade de servi-
ços)?
• Finalmente, as intervenções propostas são passíveis
de realização sobre o plano económico, organizacional,
político e ético (necessidade de recursos)?
A resposta às necessidades exprime-se pelas buscas aos
serviços de saúde, isto é, sua utilização, objeto do ca-
pítulo 2 (fig. 5). Diversos fatores influenciam o tipo e
o nível de utilização dos serviços. Estes fatores dizem
respeito aos indivíduos que tomaram uma medida a fim
de utilizar os serviços, mas igualmente às características
do próprio sistema. Por exemplo, o nível de recursos
não disponíveis exerce um empecilho que pode limitar
a utilização de determinados serviços. Por outro lado,
um nível elevado de recursos estimula sua utilização.
Para ser utilizado, um serviço deve ser produzido. Sen-
do assim, a utilização e a produção dos serviços consis-
tem de conceitos relacionados e são, por assim dizer,
espelhos refletindo a imagem um do outro. Enquanto a
utilização dos serviços assume o ponto de vista do indi-
víduo que a eles recorre, a produção dos serviços refe-
re-se aos recursos que os produzem e às suas caracterís-
PROCESSO DE UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS
(Adaptado de Donabedian 1973)
OS RECURSOS NA PRODUÇÃO DOS SERVIÇOS
ticas. É a isto que o capítulo 3 se dedica. Deste modo,
entre os recursos disponíveis e a produção dos serviços,
existem determinados fatores, os quais são analisados
mais detalhadamente, principalmente, a acessibilidade,
o emprego dos recursos e sua produtividade (fig. 6).
A acessibilidade de um recurso corresponde ao grau
de facilidade de acesso aos serviços produzidos. Em-
bora ela seja vista aqui como uma característica de um
recurso, a acessibilidade expressa, na realidade, o des-
vio ou a distância que separa um recurso disponível do
indivíduo que o acede. A produtividade diz respeito à
quantidade de serviços produzidos por um recurso e à
natureza apropriada ou justificada de seu emprego por
referência às normas existentes e reconhecidas.
A avaliação (capítulo 4) consiste na função de inteli-
gência do sistema de saúde através de um julgamento
de valor. Ela opera com um olhar retrospetivo sobre
os diferentes componentes do sistema de saúde, tanto
dos recursos quanto das atividades de utilização e de
Fig.5:
Processo de utilização dos serviços (adaptado de Donabedian 1973)
Fig.6:
Os recursos na produção dos serviços