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Artigo de Revisão

vulnerabilidade que diferenciam e informam diferentes

dispositivos acionados nas práticas de saúde. Em par-

ticular, ressalta a ideia de o que tem efeito e funciona

para os sujeitos socialmente ‘incluídos’ pode não fazer o

mesmo sentido e ser desprovido de efectividade quando

em relação a grupos marcados pela exclusão e vulnera-

bilidade. Esse esforço de problematização exige pôr em

causa, por exemplo, dispositivos que tem por função

normatizar as práticas em saúde, como, por exemplo,

as ações de ‘controle de contatos’ dos casos índice de

tuberculose em pessoas em situação de rua e em becos

e vielas densamente povoados.

Problematizar a noção de ‘controle’ sobre sujeitos deve

repercutir em um esforço de ressignificação de práticas

nestes espaços. As noções de família e domicílio foram

repensadas perante desafios, como no caso dos sujeitos

em situação de rua, assim como em relação as extre-

mamente precárias condições de muitas moradias em

favelas.A vulnerabilidade, por si só, não necessariamen-

te legitima outras políticas de proteção social para es-

ses mesmos sujeitos por parte do Estado. Ao contrário,

como nos explica a autora, a vulnerabilidade produzida

num nexo marcado pela exposição a doenças infeccio-

sas tidas como evitáveis, evidencia como a saúde, es-

tando para além dos corpos, suas fronteiras, terapias e

formas de controlo, está em relação com as estruturas

de desigualdade e com políticas, sociais, económicas,

culturais e biomédicas, que produzem a precariedade

e vulnerabilização enquanto ontologia primeva da ne-

gligência. Fazer justiça ao fôlego empírico a analítico

que a obra de Roberta Gondim nos empresta, implica

repensar um paradigma de saúde coletiva em que esta

se configura como prática situada de luta política e en-

quanto uma gramática capaz de dar corpo a renovadas

aspirações por dignidade.

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