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S55

A n a i s d o I HM T

Planeamento estratégico no setor da saúde

da Guiné-Bissau: evolução, influências e processos

Strategic planning in Guiné-Bissau's health sector: evolution, influences and processes

Cátia Sá Guerreiro

Centro Colaborador da OMS para Políticas e Planeamento da Força deTrabalho

em Saúde, GHTM, IHMT, Universidade Nova de Lisboa, Portugal

Augusto Paulo Silva

Instituto Oswaldo Cruz, Brasil

Tomé Cá

Organização Oeste Africana da Saúde

Paulo Ferrinho

Centro Colaborador da OMS para Políticas e Planeamento da Força deTrabalho

em Saúde, GHTM, IHMT, Universidade Nova de Lisboa, Portugal

Resumo

Apesar de ser reconhecido que o planeamento estratégico (PE), quando ava-

liado de acordo com objetivos e metas pré-definidas, tem uma baixa taxa de

execução, ele tem valor enquanto procedimento complexo, participado e mo-

bilizador de todos os quadrantes da sociedade.

A República da Guiné-Bissau (RGB), um dos países mais pobres do mundo,

apresenta um contexto de fragilidade e carências ao nível da saúde e do funcio-

namento do seu sistema de saúde (SS), não respondendo este às necessidades

de saúde do país.Trata-se porém de um Estado que tem feito ao longo dos anos

o exercício do PE para o setor da saúde (PES).

A gestão estratégica do SS da Guiné-Bissau foi, até março de 2017, orienta-

da por uma Política Nacional de Saúde (PNS) adotada e aprovada em 1993.

Esta enquadrou, ao longo dos tempos, diversas políticas temáticas e orientou a

elaboração de dois Planos Nacionais de Desenvolvimento Sanitário (PNDS).A

extensão do primeiro PNDS foi enquadrada pelo primeiro Documento de Es-

tratégia Nacional de Redução da Pobreza (DENARP I 2004 - 2007) e o segun-

do PNDS pelo DENARP II (2011-2015). O terceiro PNDS, em elaboração,

será orientado pela PNS adotada em Março de 2017, pelo Plano Estratégico e

Operacional do Governo

Terra Ranka

(2015-2025) e pelas recomendações que

emergiram da 1ª Conferência Nacional de Saúde emOutubro de 2014.

O processo de PES na RGB incorpora e alimenta ainda outros processos de

planeamento por parceiros, serviços e organismos da sociedade civil dando

origem a uma teia de documentos orientadores - políticas, planos, programas,

projetos.

A gestão desta complexidade deveria ter sido assumida por uma Célula de

Gestão do PNDS no Ministério da Saúde Pública (MINSAP), o que não tem

acontecido. Isto deve-se em parte à falta de pessoal na referida Célula de Ges-

tão, e também ao facto de o PE ser visto, não como um elemento de uma

gestão estratégica dinâmica,mas como um processo contido em si próprio,que

permite mobilizar fundos dos doadores e orienta outros ciclos temáticos de

planeamento, nem sempre articulados com o horizonte temporal do PNDS.

O presente artigo faz uma viagem de revisão aos processos de PES na RGB

em três momentos, cada um associado a um PNDS: 1998-2002 (extensão de

2003-2007); 2008-2017; 2018-2020. Numa narrativa que pretende guardar

memória destes processos, o artigo reporta-se ou a vivências pessoais dos au-

tores, ou segue uma metodologia de análise de documentos, na sua maioria

não-publicados,obtidos de informadores-chave no decorrer de vários trabalhos

em que os autores estiveram envolvidos como dirigentes ou consultores do

MINSAP da RGB.

Palavras Chave:

Planeamento em saúde, Guiné-Bissau, sistema de saúde.

Abstract

Although it is recognized that strategic planning (SP), when evalua-

ted according to predefined goals and objectives, has a low execution

rate, it has value as a complex, participatory and mobilizing procedure

in all quarters of society. Strategic health planning (SHP) has begun

to emerge since the 1990s, strongly driven by the

Global Strategy for

Health for All by theYear 2000

(WHO, 1981) and more recently by the

Health 21 - Health for All in the 21st Century

(WHO, 1998).

The Republic of Guinea-Bissau (RGB), one of the poorest countries in the

world, presents a context of fragility and deficiencies in health and functioning

of its health system,which does not respond to the health needs of the country.

It is, however, a State that over the years has made the exercise of SHP.

The strategic management of the RGB´s health system was, until March

2017, guided by a National Health Policy adopted and approved in 1993. It

has, over time, framed various thematic policies and guided the preparation

of two National Health Development Plans (NHDP). The extension of the

first NHDP was framed by the first National Strategy Document on Poverty

Reduction (DENARP I 2004-2007) and the second NHDP by the DENARP II

(2011-2015).The third NHDP, in preparation, will be guided by the National

Health Policy adopted in March 2017, by the Strategic and Operational Plan

of the Government

Terra Ranka

(2015-2025) and by the recommendations that

emerged in October 2014 from the 1st National Health Conference.

The SHP process in RGB also incorporates and feeds other planning processes

by partners, services and civil society bodies, giving rise to a web of guiding

documents - policies, plans, programs, projects.

The management of this complexity should have been taken over by the

NHDP Management Office, which has not happened. This is partly due to

the lack of staff in the Office, and also to the fact that the SP is seen not as

an element of dynamic strategic management, but as a self-contained process

that allows mobilizing funds from donors and guides other thematic planning

cycles, not always articulated with the NHDP´s time horizon.

The present article makes a review trip to the SHP processes in RGB

in three moments, each associated with a NHDP: 1998-2002 (exten-

sion of 2003-2007); 2008-2017; 2018-2020. In a narrative that inten-

ds to keep a memory of these processes, the article reports either to

the personal experiences of the authors, or follows a methodology of

analysis of documents, mostly unpublished, obtained from key infor-

mants in the course of several works in which Authors were involved

as directors or consultants of the Ministry of Public Health of RGB.

KeyWords:

Health planning, Guiné-Bissau, health system.

An Inst Hig MedTrop 2017; 16 (Supl. 1): S55 - S68

Artigo Original