Saúde Global e
Medicina Tropical
O GHTM é um centro de I&D da FCT, classificado como excelen-
te, que assenta em duas linhas temáticas transversais: 1) Desa-
fios da saúde de viajantes e migrantes e 2) Doenças emergentes
e mudanças ambientais. Estas linhas são operacionalizadas por
três grupos de investigação: i) Doenças e organismos patogé-
nicos transmitidos por vetores (VBD); ii) TB, VIH e doenças e
organismos patogénicos oportunistas (THOP); e iii) Saúde das
populações, políticas e serviços (PPS) [UID/Multi/04413/2013].
O GHTM resulta da agregação dos cientistas e da melhor inves-
tigação desenvolvida no IHMT. Entrou em pleno funcionamento
no início de 2015. Em abril, os elementos da comissão científica
de acompanhamento (SAB) visitaram o centro, analisaram o pro-
jeto e apreciaram a equipa de coordenação candidata, que foi
nomeada em maio. O SAB contribuiu para o redimensionamento
e foco do GHTM, tendo do debate e das recomendações resul-
tado a elaboração do programa multidisciplinar e transversal às
duas linhas temáticas.
Este programa integra as seguintes áreas de intervenção: a me-
dicina das viagens e a consulta dos viajantes como observató-
rio de doenças tropicais no contexto global; a busca de novos
marcadores, para diagnóstico simples e múltiplo, combinando
informação clínica com tecnologia avançada para o diagnóstico
diferencial, integrados em plataformas tecnológicas; e as espe-
cificidades da saúde dos migrantes enquanto grupo vulnerável a
interações epidemiológicas e sócio-comportamentais.
Apesar da grande melhoria da saúde a nível global, as novas epi-
demias e as antigas endemias possuem um impacto local com
repercussões mundiais, sobretudo nos países de baixa renda e
na África subsaariana, indiciando potenciais alterações na dinâ-
mica dos agentes patogénicos e sua transmissão, associadas
a mudanças sociais, políticas, económicas e climáticas. Neste
contexto, a identificação de resistência aos medicamentos e dos
seus mecanismos em HIV, tuberculose e malária, infeções opor-
tunistas e doenças transmitidas por vetores são aspetos centrais
da atividade do centro.
No âmbito deste programa, foram adquiridos novos equipa-
mentos, iniciada a elaboração do projeto arquitetónico para o
insetário de segurança (VIASEF) e o processo de contratação de
investigadores em áreas centrais ao desenvolvimento do GHTM.
De entre os financiamentos obtidos, em 2015, destaca-se a
Grand Challenges Explorations da Bill & Melinda Gates Founda-
tion e o Programa Iniciativas de Saúde Pública/EEA Grants.
Na área das doenças transmitidas por vetores, são aplicados
métodos inovadores para a vigilância e controlo. Em 2015, fo-
ram identificados, mapeados e caracterizados vetores, vírus e
parasitas em mosquitos, flebótomos e carraças, contribuindo
para compreender os mecanismos de transmissão. Foram ainda
conduzidos estudos sobre interações parasita/mosquitos e fár-
macos capazes de prevenir a transmissão, que contribuem para
o objetivo global de interromper a transmissão das DTV.
Novos compostos (sintéticos ou naturais), novas abordagens te-
rapêuticas, sistemas de distribuição que utilizam nanotecnologia
e caracterização de resistência aos medicamentos e inseticidas
foram investigados tanto nos seus aspetos epidemiológicos,
como de compreensão dos mecanismos de resistência pelos
grupos Doenças transmitidas por vetores e TB, VIH e doenças e
organismos patogénicos oportunistas. Dados clínicos, microbio-
lógicos e genómicos foram coletados e analisados, associando
a origem filogeográfica, a virulência e a resistência aos medica-
mentos aos determinantes de patogenia microbianos.
O grupo Saúde das populações, políticas e serviços desenvolve
projetos de investigação sobre doenças sexualmente transmissí-
veis entre grupos vulneráveis e planeamento e políticas de recur-
sos humanos para a saúde. Em 2015, utilizando métodos qua-
litativos e quantitativos, investigadores do grupo PPS realizaram
inquéritos em Portugal, Europa e países africanos de língua por-
tuguesa, recolhendo dados biomédicos e socioeconómicos para
explorar temas como as estratégias de retenção de profissionais
de saúde em Europa, a prevalência das infeções e dos compor-
tamento de risco entre comunidades migrantes e homens que
têm sexo com homens, ou o impacto da crise económica sobre
a força de trabalho. Novas áreas de investigação também foram
lançadas, como a prevenção e gestão das infeções hospitalares
e as desigualdades em saúde e planeamento urbano em países
de baixa e média renda.
BETTER HEALTH,
EQUITABLE
DEVELOPMENT